São Paulo – Deputados federais do PT demonstraram indignação com a atitude do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de impedir evento da CUT programado para a tarde de hoje
(2), no qual a central apresentaria sua agenda legislativa com a pauta
dos trabalhadores. “É uma discriminação inaceitável. O acesso ao
Parlamento para apresentação de propostas de agenda, de debate, tem de
ser universal. O arbítrio do presidente não pode definir quem entra,
quem não entra, salvo em situações limite – por segurança”, diz o
deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Para o parlamentar, o presidente usa a prerrogativa que tem de
permitir ou não manifestações ou eventos “de forma bastante seletiva e
parcial”.
“Estou constrangido. Pedi desculpas à CUT por essa postura
desrespeitosa à classe trabalhadora”, afirma Vicente Paulo da Silva, o
Vicentinho (PT-SP).
O evento que ocorreria na Câmara foi realizado no Senado, onde a
agenda foi apresentada. Vicentinho participou do evento. O parlamentar
paulista acredita que Eduardo Cunha está perdendo aliados pela maneira
autoritária como está conduzindo a presidência.
Para Fontana, com a atitude de proibir o evento da CUT, Cunha mostra
"a visão autoritária" que tem na gestão da presidência da Câmara. "Mas
tem outras coisas, aliás mais graves do que esta, que já deveriam levar
ao afastamento dele. Do meu ponto de vista, (a atitude de hoje) é só mais um passo para mostrar que ele não tem condição de dirigir a casa."
O deputado gaúcho refere-se à denúncia do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, na
qual Cunha é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da
Operação Lava Jato.
Fontana diz que é “público e notório” que Eduardo Cunha usa o cargo
que tem para “pressionar e usar a estrutura em sua própria defesa no
processo que está respondendo no STF a partir da denúncia do
procurador-geral da República”.
Fontana afirma que Eduardo Cunha ativou a Advocacia-Geral da União
(AGU), prerrogativa que o presidente da Câmara tem, para cuidar da
defesa dele próprio. “Ele tem essa prerrogativa para tratar de temas
institucionais, não da defesa dele”, diz o deputado, o que é confirmado
na acusação de Janot.
O procurador-geral afirmou, na acusação contra Cunha, que “o
investigado solicitou a intervenção da advocacia pública em seu favor,
sob o parco disfarce do discurso da defesa de prerrogativa
institucional”, mas “o que se tem é um agravo em matéria criminal em que
a Câmara dos Deputados figura como recorrente, mas cujo objeto só a
Eduardo Cunha interessa”.