Presidenta afirmou que “cortou tudo o que poderia ser cortado ou o que
poderia esperar”, mas destacou a opção de não reduzir gastos de
programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida
A
presidenta Dilma Rousseff voltou a defender hoje (4) a criação de receitas para
o governo como forma de reequilibrar o Orçamento e resolver o déficit de R$
30,5 bilhões previsto na proposta orçamentária para 2016, enviada esta semana
ao Congresso.
Na
quarta-feira (2), ao comentar a eventual volta da Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF) – que foi cogitada pelo governo – Dilma disse
que não gostava do tributo, mas não descartou a criação de fontes de receita.
Hoje, em entrevista a rádios da Paraíba, Dilma disse que a medida pode ser
necessária, ao lado de outras, como cortes de gastos e melhoria da gestão do
governo.
“Se
a gente quer um Orçamento equilibrado, se a gente quer preservar as políticas,
vamos ter de tomar algumas medidas: umas são de gestão, por parte do próprio
governo. A segunda coisa que vamos fazer: temos que discutir novas fontes de
receitas, se a gente quiser manter a lei, obviamente que a gente quer, e também
garantir que o país não tenha um retrocesso”, disse.
A
presidenta também defendeu a iniciativa do governo de enviar a proposta
orçamentária com previsão de déficit como uma iniciativa de transparência. Mas
voltou a argumentar que o governo não transferiu responsabilidades para o
Congresso resolver o problema das contas públicas. Segundo Dilma, o governo não
quer ficar com o déficit e quer discutir como conseguir as receitas necessárias
para reequilibrar o Orçamento.
“A
responsabilidade é do governo federal, nós vamos fazer isso e vamos apontar
aonde a gente acha que deve ser concentrada essa receita. A gente ainda tem
mais dois meses para fazer isso, entre um e dois meses, no máximo, podendo
chegar até o fim do ano, porque esse Orçamento é para o ano que vem”,
ressaltou.
Dilma
disse que o governo “cortou tudo o que poderia ser cortado ou o que poderia
esperar”, mas destacou a opção de não reduzir gastos de programas sociais como
o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. A presidenta lembrou que a maior
parte do Orçamento não é gasta com essas medidas, mas com despesas
obrigatórias. “Por isso, a gente vive falando que tem de ter cuidado quando
você fica aprovando medidas que elevem a despesa obrigatória do governo.”
Perguntada
sobre a relação com o Congresso Nacional em meio à crise política e econômica
que o país atravessa, Dilma disse que a convivência entre os Poderes está
baseada na Constituição Federal, que prevê independência entre eles, mas de
forma harmônica.
“Podemos
divergir, mas temos que dialogar sempre e procurar consensos, isso por um
motivo muito simples: pelo bem do Brasil. Independente da diferença partidária,
da visão que você tenha dessa ou daquela pessoa, o que está acima de tudo é o
Brasil”, acrescentou.
De
acordo com a presidenta, para além das divergências, é preciso que o Congresso
também tenha preocupação com a estabilidade macroeconômica, política e social
do país ao aprovar ou modificar leis.
“Em
uma democracia, é absolutamente natural que haja debate, que haja divergência,
só há concordância absoluta na calma dos cemitérios. Fora da calma dos
cemitérios, as pessoas têm direito de divergir, de dizer o que pensam. Agora,
todo mundo tem de estar orientado por um princípio, que é o princípio da
estabilidade do país”.